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quinta-feira, 3 de março de 2016

Acordar pra que?




Andando pelas ruas próximas ao trabalho, vi alguns moradores de rua perambulando sem rumo à beira do asfalto.
Como quem não sabe ao certo, porquês, para quês de sua própria existência, vagavam sem chegar a lugar algum.
Por instantes imaginei o que passaria na cabeça de cada um deles.
Quantos sonhos deixados para trás junto a enxurrada que descia junto com suas vidas ladeira abaixo.
E lembrei-me de minha própria vida anos atrás...
Acordava sem motivos para acordar, vivia sem motivos para viver.
E me perguntava:
_Acordar para que?
Numa existência sem sentido, sem motivos sem razão de ser.
Dormia pensando em não acordar, acordava pensando que poderia não existir dia para que a noite perpetuasse meu sono para sempre.
Voltando ao presente continuei observando um dos homens que juntava seu bem mais valioso naquele dia que se resumia a uma cama feita de papelão.
Mesmo com tão pouco da vida aos olhos exigentes do mundo, ele sobrevivia e lutava por seu lugar ao sol, ou talvez apenas à sombra de alguma marquise protegido da chuva.
Quantas vezes eu lutei também contra a vontade de não levantar da cama, por não ter expectativas de um dia melhor.
Continuei caminhando e olhando ainda para trás e assim como meus olhos se perdiam àquela imagem, vi que assim mesmo é a vida, nossos olhos com o tempo se perdem do que passamos ou sofremos para que olhemos para frente trilhando novas ruas por onde se possa encontrar novamente a esperança, não apenas de abrir os olhos e enxergar o futuro, mas enxergar que estar vivo é ainda a maior expressão de que ainda não chegou o fim... E, quem sabe, a próxima esquina virada atrás de restos de comida e de um pedaço de papelão mal cheiroso, podemos encontrar o futuro dos sonhos não realizados e a alegria de viver.
03/03/2016
14:46h
Virginia Neves

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