E então vejo a tela em branco, que mesmo com muita história ainda intocada por mãos de amor
Deslizando em suas ranhuras, eu percebo suas curvas que me inebriam ao toque
Toco-te com a ponta dos dedos ó tela minha que me desperta a mais louca imaginação
Como pelos de um pincel, meus pelos se mesclam aos seus, numa simbiose perfeita de almas
Essa tela que branca se encontra esperando receber as nuances da minha paixão
Com a alvura do tecido a ser pintado alma nobre sedenta de caricias de mãos leves que o tocam
E nesse passeio pelas imperfeições perfeitas, dessa linda tela, eu me arrepio de prazer
Na contorção desta tela que presa aos tripés da angústia de não querer parar de ser tocada
Então os dedos passeiam desenhando suas curvas, e param numa mancha de volúpia
Apertando a tela com vontade para sentir que ela é real debaixo de mim, ouço o gemido de um pincel molhado
E nessas formas hora curvilíneas, hora abstratas, vou traçando as nuances mais belas de carinho
Fazendo a imaginação voar por vastas terras onde as mãos são os lemes que impulsionam a uma aquarela de sonhos acordados
Quando no hoje esquecemos do tempo e de tudo lembrando apenas de nós dois nos descobrindo como tela e sua pintora
Então mansamente num impulso de saciar-te a ânsia de mostrar suas cores, o pincel hora deixado de lado mostra sua força desenhando no corpo de um pintor o desejo que surge quando a pintura cria vida e se mostra como é.
Virginia.
21/03/2016
14:16h
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