ANALYTCS

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CHEIRO DE MATO


Sabe, hoje à tarde eu andava pela praça aqui em frente ao meu trabalho no Centro
E de repente senti um cheiro de grama recém cortada
Eram alguns operários que faziam alguns reparos na praça e cortavam a grama
De repente me veio uma saudade
Uma saudade de minha casinha
Do cheiro grama quando chovia, ou quando eu tentava cortar em volta da casa
Sabe, isso me fez pensar
Nada como a vida saudável no campo
Nem um bom salário, ou um bom emprego
Não são capazes de compensar a falta do canto do passarinho todas as manhãs
O barulho do mar batendo nos dias de ressaca (dava medo) parecia que uma tsunami
iria me atingir enquanto dormia
Tenho a natureza na alma
Amo, o mar, o ar, as plantas, o verde, os animais
Era gostoso acordar pelas manhãs e assistir ao mais belo espetáculo
do sol nascendo atrás de minha casa e se encontrando com o mar ao poente

Não existe um perfume tão gostoso quanto o cheiro da chuva , de terra molhada
Nem perfumes importados podem imitar um aroma tão puro e fresco
Tem dias que dá uma dor no coração
Como se esse distanciamento arrancasse a cada dia um pedaço de mim
Nada preenche, nada aniquila a saudade.
Às vezes me sinto como parte integrante deste cenário natural...
Como se cada célula de meu corpo fossem grãos de areia da praia
Como se o vermelho de meu sangue fosse extraído do barro da terra
Era tão gostoso acordar cedinho e conversar com o mar
Ver as corujas construindo seus ninhos na areia fofa
O quero-quero dando rasantes na cabeça de quem se aventurava a olhar seu abrigo

As baleias jubarte passeando no mês de Outubro no seu balé reprodutivo
Onde o amor acontece até entre os animais

Era tão fofo ver as gaivotas mergulhando para apanhar peixinhos
Os cardumes de sardinha que apareciam de vez em quando à beira da praia e faziam a festa das aves
Os caranguejinhos albinos
Caçar tatuí para fazer empadão
Deus quanta saudade! que aperto no coração!
Que vontade de voltar... eu era feliz, e não sabia
Acordar aos domingos cedão e pegar a bike pra ir a igreja
Ver meus alunos da Escola Dominical
Ouvir Deus falar ao meu coração
Todos os dias, chegar do trabalho tomar banho e ir para o culto, nos dias em que havia...
E se estava desempregada, fazer os artesanatos pra vender na praia
Voltar com uma lanterninha agarrada na bicicleta para tentar enxergar o caminho da estrada acidentada e do terreno cheio de árvores.
Se tinha um problema me embrenhava na reserva florestal para conversar com Deus
Se tinha decisão a tomar, olhava as ondas do mar bater
Vida solitária, mas tão cheia de VIDA
Ver os marimbondos construindo suas casinhas - que coisa linda
Que arquitetura onde não há escola, apenas a direção de Deus
Que saudade de ter vida. não apenas uma profissional
Mas, uma pessoa comum, pés no chão
Sentir o barro frio sob os pés
Ir para a beira da lagoa pegar uma garrafa , uma linha e a isca e pescar traíra
Até que sou boa pescadora.. rsrs
Fazer fogão a lenha por pura diversão
Nossa é gostoso demais viver no campo
Como eu queria que Deus me preparasse uma família assim,
Que gostasse dessa vida simples, desse cheiro de maresia, desse contato com a natureza, com o mar, com o verde...
Gostasse desse cheiro sem igual
Meu delicioso e incomparável 
CHEIRO DE MATO!

Virginia Neves
30.09.2011
15:25h

Nenhum comentário:

Postar um comentário