ANALYTCS

domingo, 31 de julho de 2016

Peregrino

À caminho da praia ouço meus passos estalando nas pedrinhas no chão
O silêncio quebrado apenas pelo baixo ruído dos sapatos
Junto a ele ouço as batidas de meu coração...
Enfim... Ainda estou viva...
Como um zumbi sem destino continuo a caminhada, rumo a lugar algum
Sento à beira da praia e observo o mar
O vento forte e a maresia me mostram a linda natureza à minha frente
E nesse momento consigo sentir Deus
Como num filme vejo a vida passar diante de meus olhos.
Momentos, segundos e instantes
Alguns perdidos e outros em que conseguimos criar uma história verdadeira
Situações que buscamos e nos dão alegrias, e outras... nem tanto...
A cada batida do mar é como a batida de um relógio que me lembra que a vida está passando e que por momentos perdi o rumo dela...
As lágrimas caem e com elas a esperança perdida
Me assusto com o espirro de um cão que parou ao meu lado
O barulho repentino dá medo.
Será mais uma pancada da vida?
Pessoas cruzam nossas vidas e vem e vão
Algumas deixam sementes de alegrias e outras conseguem nos colocar no escuro mais mórbido da tristeza
Alguns estendem as mãos num singelo gesto de amor e amizade
E outras com um punhal escondido dentro das mãos nos ferem
Quantas nos oferecem ajuda sincera
E quantas mais te empurram para um abismo de ilusões e mentiras
Como alguém que é lançado ao mar revolto sem saber nadar
Assim nos sentimentos desamparados e sós
Aqueles que lhe dizem que querem seu bem e sua alegria
São os mesmos que te deixam no meio do deserto e no sol escaldante sem água
Tantos olham em nossos olhos e ainda conseguem camuflar seus segredos
Enquanto os procuramos sempre com o peito aberto
Novamente o mar interrompe meus devaneios de uma vida de experiências doces e amargas
E me leva de volta a paisagem que Deus criou
Um arrepio de frio invade o corpo e a alma
Onde nem o agasalho consegue mais aquecer
Vejo uma família que a beira da praia tira fotos
E me lembro quantas vezes sonhei em construir a minha
Foram muitos percursos como um labirinto de vidas cruzadas
Onde tantas vidas destruíam os próprios sonhos com suas mãos
Sem saber o quanto possui essa família não percebe
O tesouro escondido de estarem unidos
Então me levanto e caminho rumo ao nada
Pra tentar preenche-lo com o tudo que quero
Como um peregrino me permito projetar o futuro
Da estrada deserta que com meus passos escrevo.

Virgínia
31/07/16
12:59h
Vilatur.

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